John Hoeven, candidato Republicano para o senado pelo Dakota do Norte, e antigo governador, tinha a eleição mais do que assegurada. Como acontece nestas ocasiões, sem um adversário à altura, permitiu-se fazder uma campanha exclusivamente positiva, do mais convencional que há: crianças, tipos da construção civil, casais jovens, séniors, militares etc etc. Até o bigode é convencional. Um par de exemplos:
Contra ele, sem qualquer hipótese, concorria o democrata Tracy Potter. Quando uma eleição está perdida à partida, o candidato mais fraco não pode esperar ter grandes apoios do seu partido. Esses recursos são investido em corridas que valham a pena. Resta-lhe então, com pouco dinheiro, tentar chamar a atenção com um anúncio polémico, ou disparatado, ou de ataque desesperado. Mas não Tracy Potter. Este fez um anúncio diferente, pouco convencional pelos padrões americanos actuais, mas sem cair no ridículo. Chamaram-lhe "o anuncio mais cool da campanha":
Não parece ser a mesma eleição no mesmo estado, mas fica o anúncio progressista. Perdeu 76-22, mas perdeu com estilo.
Concorrendo para o senado no Ohio, o Democrata Lee Fisher produziu talvez o anúncio mais honesto destas eleições. Tendo apenas angariado 300.000 Dólares para a campanha, contra os mais de 5 milhões do seu oponente, o Republicano Rob Portman, Fisher avisa logo: "prestem atenção a este anúncio, não o vão ver muitas vezes", seguindo-se uma simpática conversa de como é genuínamente do Ohio e não de Washington, como o seu oponente, e termina dizendo "mal conseguimos pagar este anúncio":
Não lhe serviu de muito a frontalidade e simpatia, no entanto, porque foi trucidado pelo seu oponente. Mas fica a franqueza. Não é fácil ser um underdog.
Um dos casos destas eleições andou à volta de um anúncio do NRSC (National Republican Senatorial Committe) que atacava o candidato Democrata ao senado pela West Virginia, Joe Manchin (o tal que gosta de andar aos tiros). No anúncio em baixo, bastante normal pelos standards dos anúncios de ataque, três amigos discutem se será boa ideia mandar Joe para Washington, porque seria "um voto para Obama". Eles até gostam dele, veja-se, tem sido um bom governador, seria melhor não o estragar:
Tudo perfeitamente normal e genuíno, típica conversa de bar, excepto por um detalhe que se veio revelar escandaloso: os três amigos, longe de serem West Virginians, como o anúncio implica, eram na verdade actores contratados fora do estado, e o anúncio foi i.filmado em...Philadelphia. Lá se vai o "efeito genuíno". Pior, veio depois a saber-se que foram seleccionados através de um anúncio que dizia estarem à procura de um estilo "parolo":
We are going for a ‘Hicky’ Blue Collar look,” read the casting call for the ad, being aired by the National Republican Senatorial Committee. “These characters are from West Virginia so think coal miner/trucker looks.
Claro que o candidato democrata exigiu imediatamente um pedido de desculpas ao seu oponente Republicano, John Raese, que como é evidente não surgiu. E após a polémica ganhar alguma tracção na imprensa local, seguiu-se o merecido anúncio de ataque, bastante mais devastador:
John Raese caiu, em mês e meio, 11 pontos nas sondagens, estando agora a 6 do seu oponente. Não insultar os eleitores é sempre uma boa estratégia.
Christine o'Donnell, candidata republicana do Tea Party ao Senado pelo Delaware, já prometia bastante quando ganhou de surpresa as primárias do GOP e as histórias sobre o seu exótico passado e peculiares opiniões fizeram furor nos media.
Mas nada fazia prever uma resposta tão suculenta. O primeiro anúncio, de apresentação, tenta desvalorizar alguma dessas opiniões e imagem negativa, mas é de tal modo desastrado que entra directamente para o historial dos piores anúncios alguma vez lançados:
"Não sou uma bruxa"? Isto é ouro para comediantes. E, claro está, o Saturday Night Live aproveitou imediatamente:
Assim como o seu oponente, o Democrata Chris Coons, com este anuncio:
Ratos com cérebro humano? Quantos candidatos podem usar isso num anúncio de ataque? Coons é um homem de sorte...
Dois exemplos de anúncios que procuram usar a questão da imigração ilegal para atacar os seus oponentes, e qualquer politica que conduza a uma legalização dos milhares de trabalhadores hispânicos que entram nos EUA, utilizando deliberadamente o racismo. O que é de salientar é o uso dos estereótipos e do medo do "hispânico marginal" para persuadir o eleitorado (supõe-se) anglo-saxónico.
O primeiro, da Republicana Sharron Angle, que concorre para o Senado pelo Nevada:
Repare-se no belo efeito do contraste entre os "escuros" e assustadores hispânicos, sempre acompanhados da palavra "ilegais" em vermelho vivo, que vêm tirar os lugares aos universitários, todos brancos, tudo com o apoio incondicional de Harry Reid.
O segundo, bem pior, de David Vitter, também Republicano, que concorre pelo Louisiana:
A mesma cena dos ilegais assustadores a romperem a vedação, para serem mimados pelo seu oponente. Este é quase demasiado mau para ser verdade. Notem o pormenor do "Beinvenidos a los USA". E os polícias com ar impotente (para prender os "marginais", suponho). Uma sucessão de "dog whistles" ao eleitorado mais conservador.
O novo anuncio de Jack Conway, Democrata candidato ao Senado pelo Kentucky, atacando as convicções religiosas do seu oponente, Rand Paul:
E a resposta, ainda em tom religioso. Notem sobretudo o argumento final:
Apesar do tom indecoroso e baixo do anúncio de ataque, há algo que deve chamar ainda mais a atenção: é quase impossível, em muitos estados, ganhar uma eleição sem se ser cristão. Hoje em dia, não é já uma questão de ser vantajoso. É uma questão de ser obrigatório.
Uma das vítimas do movimento Tea-party foi a Senadora Republicana do Alaska, Lisa Murkowski, que perdeu as primárias do seu partido contra Joe Miller, apoiado também por Palin. Inconformada com a derrota, resolveu concorrer como independente através de um método unicamente praticado nos EUA: o "write-in candidate", onde se pede aos eleitores para escreverem o nome do candidato no boletim de voto, e este é considerado válido. Desde que o nome esteja bem escrito.
O que coloca uma questão prática: apesar de ser bem conhecida no estado, o seu ultimo nome é muito difícil de escrever. Pelo que lançou esta série de anúncios "didácticos", destinados precisamente a isso: aprendam a escrever o meu nome!
Do Democrata joe Manchin, candidato ao senado pela West Virginia, vem esta pérola:
Ainda na Florida, o candidato Democrata ao Senado, Kendrick Meek, lançou também o seu anúncio de apresentação. Procurando ser simpático e bem disposto, é um resumo das posições do candidato em várias áreas, desde a privatização da Segurança Social ao aborto, passando pelo salário mínimo e taxas de cartões de crédito.
Mas a forma como resolveu apresentar-se é inadvertidamente hilariante. É que Meek está em último nas sondagens, com aproximadamente 23% e a grande distância dos outros, pelo que a sua campanha vai provavelmente ter o mesmo rumo que utiliza neste anúncio: Olá, sou Kendrick Meek, e adeus...
Charlie Crist, actual governador Republicano da Florida que concorre como independente para o Senado, tem lançado uma série de anúncios onde procura valorizar o seu papel de independente. Apostando que o eleitorado valoriza um político que trabalhe com ambos os partidos, a sua campanha tem sido baseada nessa imagem de moderado, alguém "acima" das guerras partidárias.
No entanto, os seus anúncios têm sido notados mais pela extrema simplicidade com que apresenta estas noções, que roçam a infantilidade. Neste primeiro exemplo, há um traço de Rua Sésamo indesmentível:
O segundo baseia-se na ideia da "linha na areia" que este atravessa para procurar as melhores ideias. Mais uma vez, a influência infantil (quem é que desenha linhas na areia?) é notória:
Neste momento, Crist está em segundo lugar, atrás do Republicano Marco Rubio. A campanha tem sido apenas positiva, mas a continuar assim, desconfio que em breve se acabarão as brincadeiras de recreio...
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