O novo anuncio de Jack Conway, Democrata candidato ao Senado pelo Kentucky, atacando as convicções religiosas do seu oponente, Rand Paul:
E a resposta, ainda em tom religioso. Notem sobretudo o argumento final:
Apesar do tom indecoroso e baixo do anúncio de ataque, há algo que deve chamar ainda mais a atenção: é quase impossível, em muitos estados, ganhar uma eleição sem se ser cristão. Hoje em dia, não é já uma questão de ser vantajoso. É uma questão de ser obrigatório.
Num pais com um historial tão rico em anúncios politicos televisivos, a utilização, ou reciclagem, de spots históricos ou famosos para fazer passar uma nova mensagem é habitual, até porque é uma maneira fácil de obter notoriedade. No entanto, a maior parte desses anúncios caem facilmente no ridículo (como este).
Aqui, não é o caso.
O grupo conservador Citizens for the Republic acabou de causar sensação com este anuncio, que é uma variante muito astuta do clássico anúncio de Ronal Reagan, já aqui mostrado.
Intitulado Mourning in America - um inteligente jogo de palavras entre Morning (manhã) e Mourning (Luto, tristeza) - é uma cópia irónica que pega num anúncio que todos os americanos têm na memória, e dá-lhe completamente a volta, de uma maneira hábil e eficaz, para atacar a administração Obama, desenhando um contraste entre a presidência deste, marcada pela crise, desemprego, e dívida, e a presidência de Reagan, marcada, no imaginário Americano, pelo optimismo e crescimento económico. O resultado (independentemente de se concordar com a mensagem) é extremamente poderoso e emotivo.
Carl Paladino, candidato Republicano a Governador de Nova Iorque, eleito pelo Tea Party, continua a tentar capitalizar a deplorável polémica à volta da Mesquita do Ground Zero com este anúncio, onde promete usar todos os seus poderes para impedir a construção "do monumento àqueles que nos atacaram". É populismo do mais rasteiro, numa corrida que é já uma das mais sujas destas eleições. Vejam só esta carta.
Na corrida para Governador da Califórnia, a candidata Republicana Meg Whitman responde ao anúncio de apresentação de Jerry Brown de uma maneira polémica e implacável: utilizando uma gravação de Bill Clinton criticando duramente Brown, que foi seu rival à nomeação para a corrida presidencial de 1992, uma corrida tão dura que ambos ficaram de relações muito tensas desde aí.
A jogada resultou em pleno: não só o anúncio é extremamente eficaz, como a resposta incrívelmente desastrada de Brown significa que não poderá contar com o apoio deste nestas eleições. E os Clintons são extremamente populares no estado, pelo que esta perda é um sério revés na campanha do Democrata.
É um anúncio cínico e uma armadilha descarada, na qual Brown caiu que nem um patinho. Será provavelmente recordado como um dos grandes anúncios de 2010, aquele que arrumou Brown e assegurou a vitória de Whitman. Quando bem feitas, estas jogadas valem a pena. E esta está magistral.
Apresento-vos Chuck Grassley, 77 anos, Senador Republicano pelo Iowa desde 1981, com a reeleição praticamente assegurada. Ávido utilizador das novas tecnologias, e sem concorrente à altura, dispensa os anúncios de ataque e prefere oferecer-nos esta pérola:
Não se preocupe, Senador. O Twitter é crónico, mas não fatal.
Nestas eleições, não são apenas os Democratas que estão em apuros. os próprios Republicanos incumbentes têm sido muito desafiados nas primárias por candidatos do movimento Tea-Party, que conseguem resultados surpreendentes, como Sharron Angle no Nevada.
Neste caso, na corrida à nomeação Republicana para o senado pelo Delaware, o Congressista Mike Castle está a ser desafiado por Christine O'Donnell, apoiada por Sarah Palin e o Tea-party Express. O resultado tem sido dos anúncios de ataque mais violentos desta campanha, sobretudo pela parte de Castle:
Já Christine segue a linha tradicional do Tea-party de que Castle não é "suficientemente conservador", mas ataca-a porque quer "ajudar Obama":
O candidato do Partido Republicano a governador de Nova Iorque, Rick Lazio, apoiado pelo Partido Conservador, resolveu capitalizar a polémica à volta da construção da Mesquita do Ground Zero num anúncio de ataque contra o seu rival Andrew Cuomo, o candidato Democrata bastante à frente nas sondagens. Todo construído à volta de insinuações, procura usar o medo e as teorias da conspiração para colar Cuomo a figuras "radicais" e "perigosas". O tema do terrorismo é ainda fértil para as campanhas, mas este tipo de "anúncios-choque" têm mais a intenção de causar uma polémica que chame a atenção dos media e permita que o candidato seja muito falado. Aqui, foi plenamente conseguido.
Candidato a governador do Wisconsin, o Republicano Scott Walker lançou um novo anúncio onde, para além de acusar o oponente democrata de lhe "dar socos", leva a metáfora do boxe até ao fim, aparecendo com luvas calçadas. Nada de anormal, e até bastante leve pelos padrões de alguns anúncios, excepto num detalhe: o seu oponente Tom Barrett foi severamente espancado no ano passado quando salvava uma mulher e um bébé de serem atacados por um bêbado. A campanha de Scott Walker veio já dizer que esse anúncio não se referia a nenhum incidente, mas ninguém no estado desconhece a história, e a metáfora acaba por ser um tiro no pé para o candidato.
Da responsabilidade um grupo Republicano, este anúncio é um exemplo do pior que a política americana pode produzir. Feito para se opôr à construção de uma mesquita na zona do Ground Zero em Nova Iorque, todo ele anda à volta do ódio aos muçulmanos, constantemente referidos como "they", e um ataque maldoso a Obama, começando na frase de abertura - The audacity of Jihad (muito subtil, não haja dúvida).
Isto numa das cidades mais multi-culturais do mundo, onde há inúmeras mesquitas, inclusive uma perto do World Trade Center.
O candidato Republicano Bill Cooper usa a opção nuclear, ao imitar o famoso anúncio de Lyndon Johnson (que foi o primeiro anúncio publicado neste blog).
Desta vez, o que destroi a menina não é a bomba, mas o défice. É quase a mesma coisa:
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